sábado, 23 de agosto de 2008 à(s) 01:49 |  

Jogos Olímpicos, quais Jogos Olímpicos?
Marco Santos

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Record


Agora que as televisões se encarregaram de nos dar a sensação de que conhecemos Nelson Évora desde pequenino, é tempo de desenjoarmos desta coisa dos Jogos Olímpicos e das modalidades amadoras e passar ao que realmente interessa: os clubes de futebol. De resto, os títulos são elucidativos: é mais relevante «dar tudo para ser campeão do Benfica» do que «salvar a Pátria».

No caso do Jornal Record, o maior evento desportivo do mundo nunca teve grande importância, pelo que não admira que uma entrevista de caca feita a um jogador de futebol tenha hoje mais importância editorial que a medalha de ouro conquistada nos Jogos Olímpicos por Nelson Évora. Foi giro, o rapaz comoveu-se, a gente também, ouviu-se o hino, a medalha levantou-nos a moral, mas é melhor não abusar muito porque este magnífico futebol português nunca chegou realmente a acabar e a malta já começa a ficar enjoada de tanto Desporto. Ainda por cima nos Jogos Olímpicos os adversários nem sequer se insultam uns aos outros, na maior parte das vezes o vencedor é cumprimentado com amizade e desportivismo pelos vencidos. Que bizarro!

Enquanto A Bola e O Jogo interrompem o fluxo das não-notícias e fazem capas com o admirável feito do atleta, o Jornal Record tem portanto a lata de manter a coerência, ou seja, a coerência da mediocridade subserviente do jornalismo desportivo português em relação aos clubes de futebol.

O que retiro desta série de manchetes é a minha incapacidade em responder a uma velha e simples pergunta: quem faz estas capas, eles ou nós? Dito por outras palavras: é o jornalismo que molda as nossas necessidades ou são as nossas necessidades que moldam o jornalismo?

gamado do bitaites.org

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